quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

ZÉ CARANGUEJO




Dino de Alcântara

Em toda sociedade, encontramos figuras consideradas tolas, sendo, por isso, fruto de um riso considerado de zombaria. Zé Caranguejo é um exemplo desse tipo.
Na escola, numa época em que o bullying era considerado quase que uma normalidade pelos pais e mestres, Zé era motivo de risos ou anedotas. Num dia letivo de maio, depois de uma aula sobre os órgãos reprodutores masculinos e femininos, olhou no livro um retrato de uma vulva com todas as indicações acerca da reprodução. Sua mente voou para os lados da Chã. Encontrou em Maria Cutinha a materialização do seu pensamento. Logo percebeu que o cérebro havia entendido tudo errado: deu sinais aos órgãos reprodutores de que estava diante da pequenina mulher completamente nua. Nesse instante, a professora Teresinha pediu a lição do aluno. Percebendo a situação inusitada, disse à mestra que estava doente e que, por isso, não poderia ir até a mesa dela. Mas a professora insistiu, e ele, sério, incisivo, com muito medo de desconfiarem: “Já disse que tou doente. Não posso levantar.” E baixou a cabeça sobre a carteira como se fosse dormir. Mas, para a desgraça de Zé Caranguejo, Nhô de Caetano estava bem ao lado e soltou a voz, rindo alto: “Ele tá armado!”. A turma caiu na gargalhada.

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