Dino de Alcântara
Desde a aquela fatídica noite de quinta-feira, na
Pensão da Dona Cotinha, no Portinho, em que havia conhecido a Du Carmo, vinda
das brenhas de Buriticupu, Felipe de Paulo andava de esguelha em casa, com medo
de descobrirem o “pecado”. Quando ia urinar, ia para as bandas da mangueira de
sumo, para ninguém perceber o seu gemido diante da dor. Estava com
formigamento, expelindo pus sempre que esvaziava a bexiga. Com receio, sem o
conhecimento necessário, ia levando esse tormento até quando Deus quisesse.
Assim, na festa de Zuza, no Sete de Setembro,
ainda estava com a “bicha no corpo”. Depois de uns goles de Cerma, enfrentava o
sacrifício de aliviar-se perto de uma touceira de banana cacau. Percebendo o “mal”
do amigo, Moscote saiu atrás de Felipe. Mal este puxava o cinto, começava o
suplício. Moscote chegou mais perto e deu sinais de que também se aliviaria.
MOSCOTE – Como é, Filipe? Tá acagibado aí?
FELIPE – Siô, desde que pulei numa pequena em São
Luís, estou assim. Botando pus toda hora.
MOSCOTE – Eu sei o que é isso. Sinto dor sempre.
Estou com hemorroida doida. Toda vez que vou no mato, é aquela aflição. Não sai
pus, mas sai sangue aqui atrás.
FELIPE (Apontando para o pênis) – É, meu velho,
cada um paga o seu pecado por onde pecou!
Nenhum comentário:
Postar um comentário