segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

DEFUNTO EM CASA


Dino de Alcântara

Sentado na calçada da Quitanda de Aniceto, seu compadre, Brola ficava observando o movimento tanto dos que iam para cima da Chã como dos vinham de lá. Vez ou outra entrava um freguês no comércio, e Aniceto deixava-o sozinho para atender ao freguês. Logo depois, voltava ao mesmo local em que estava, para continuar a prosa.
Nisso chegou Juliana para comprar uns mantimentos. Não pôde deixar de observar uma situação inusitada: o zíper da bermuda estava completamente aberto, de maneira que quase já apareciam as partes do idoso.
JULIANA – Brola, tua braguilha está aberta.
Ele, que sempre soube sair das mais adversas situações em que o colocavam, riu um risinho debochado.
BROLA – Pequena, os mais velhos diziam que, com defunto em casa, a porta tem que ficar aberta.

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