Dino de Alcântara
Quando os portugueses começaram a colonizar o que hoje se entende por Maranhão,
um dos mais sagazes ladrões de Coimbra, para escapar da masmorra, aceitou
transferir-se para o “quinto dos infernos”, como mais tarde seria a nação
(re)significada pela boca nada pura da princesa Carlota Joaquina. Veio com a
família (era o infeliz pai de três filhos) no navio que seguiria até Salvador,
mas acabou desembarcando na Ilha do Maranhão (Upaon-Açu).
Como era costume trazer toda espécie de animais domésticos, o homem trouxe
gato, cachorro, porco, galinha, etc.
Passados alguns anos, ele, que morava nas proximidades da Praia Grande, já
conhecia muito bem a terrinha.
Antes que o leitor seja tentado a crer que a origem dos políticos maranhenses seja esse
pobre português, vamos mudar a cena.
O gato que viera com a família de Portugal era um exímio caçador, mas havia um
rato na casa que ele não conseguia pegar de jeito nenhum. Parecia até que o
roedor sentia o cheiro de felino de longe.
O gato, porém, teve uma ideia brilhante. Aproximou- se da toca e latiu como se
fosse o cachorro. A imitação foi tão perfeita, que se uma cadela, no cio,
estivesse nas proximidades da casa, sairia enlouquecida, mais veloz que o
furacão Katrina, que devastou a cidade de Nova Orleans em 2005.
O rato, ao ouvir o latido, pensou: “O bicho não se une com o cachorro; isso
quer dizer que ele está bem longe!” e saiu da toca.
O gato abocanhou-o, mas não resistiu a uma boa gargalhada, deixando o indefeso
animal com direito a uma última lição, infelizmente, para ele, desnecessária. O
roedor queria saber quem tinha latido.
O GATO - Eu!
O RATO - Mas com tanta perfeição?
O GATO
— Exato!
O RATO — Eu nunca acreditaria que aquele latido era de um gato!
O GATO — Ah, meu caro rato, nesta terra abençoada pela mentira, quem não
aprender a enganar os outros passará fome!
Ótimo texto, muito bom mesmo.
ResponderExcluir