Era um linda noite de lua cheia e céu estrelado no povoado Cujupe. Quando o relógio Oniret(versão do Orient muito usada pelos moradores dessa região) deu 18 horas em ponto, o grande astro do conto, o profissional Tralhato se levantou do mocho do qual passara a tarde toda acocorado vendo um de seus programas favoritos, o Caldeirão do Hulk. Pegou seu pedaço de barra de sabão azul e sua toalha e foi tomar um bom banho com direito a esponja do mato no couro para tirar o cieiro do corpo no poço que já foi considerado o com maior volume métrico de água do Itápeua. De banho já tomado, vestiu sua bermuda da Greenish e camisa da Pena e passou seu perfume Alfazema por toda a região do corpo e se TACOU para a festa. Festa essa que era por conta da Estrelinha do Som e comandada pelo DJ Célio Roots.
Lá pelas 22 horas, tinha uma moça só de olho e marcando Tralhoto. Depois de longos 45 minutos esperando o homem trabalhador chegar junto dela, a moça que é popularmente conhecida como Bofó, resolveu ir ao belo jovem, convidando-o a dançar.
Ela vendo que o já não tão jovem rapaz não ia dá o passo seguinte, pediu que à acompanhasse até o bananal para que ela pudesse liberar a cerveja que estava presa em sua bexiga. Ficou totalmente nua e perguntou se ele não queria cometer o pecado com ela. Tralhoto prontamente inclinou a cabeça como se fosse um sim.
Bofó - Você não vai pegar pelo menos umas pindovas para colocar no chão pra gente não sujar nossas roupas de festa?
Tralhoto: Eu não, quem tá querendo curtar aqui é você.
Depois desse curto diálogo, Bofó adentrou no bananal atrás de pindovas para fazer de tapete. Obteve sucesso e consumou o tão desejado ato. Voltaram para a festa e Tralhoto estava muito cansado para dançar.
terça-feira, 31 de janeiro de 2017
quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
Palavras e Expressões do Cujupe
Ao se deparar com uma foto dessa na Internet, um cidadão de Belém ou de Porto Alegre diria, com indignação, que "Em pleno Século XXI os animais continuam a ser maltratados, como se não fossem também criaturas de Deus!"
Mas, em se tratando de um morador do Cujupe, o enunciado sairia bem diferente:
Morador do Cujupe: "Os cabocos estão ajojando um elefantinho. O bicho está todo peiado, que não pode nem se mexer, berrando que é um doido. Tem um caboco com uma vara na mão. Essa vara tem um esporão de arraia na ponta para tutucar o rabo do elefante. Os outros estão preparados para ajojar o bicho, caso ele queira sapatear."
segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
O DOCE E O LICOR
Dino de Alcântara
Quando Lázaro conheceu pela primeira vez a cidade de Alcântara, visitou a
famosa lojinha destinada aos turistas, na subida do Jacaré.
ATENDENTE — Bom dia, moço! Deseja alguma coisa?
LÁZARO — Como se chama esse doce?
ATENDENTE — É Doce de Espécie.
LÁZARO — Pois me dê um, que eu quero provar!
ATENDENTE (Entrega a Lázaro o doce.) - Tome! É uma delícia!
LÁZARO (Devolve o doce.) - Não. Me dê um licor de jenipapo. Dizem que aqui tem o melhor licor do Maranhão.
ATENDENTE (Dá-lhe o licor.) - É excelente!
LÁZARO (Toma.) - Obrigado! É bom mesmo! Até logo!
ATENDENTE - Ei, moço, você não pagou o licor!
LÁZARO - Mas eu lhe dei o doce em troca.
ATENDENTE — Mas você também não pagou por ele.
LÁZARO - E por acaso eu comi?!
ATENDENTE — Bom dia, moço! Deseja alguma coisa?
LÁZARO — Como se chama esse doce?
ATENDENTE — É Doce de Espécie.
LÁZARO — Pois me dê um, que eu quero provar!
ATENDENTE (Entrega a Lázaro o doce.) - Tome! É uma delícia!
LÁZARO (Devolve o doce.) - Não. Me dê um licor de jenipapo. Dizem que aqui tem o melhor licor do Maranhão.
ATENDENTE (Dá-lhe o licor.) - É excelente!
LÁZARO (Toma.) - Obrigado! É bom mesmo! Até logo!
ATENDENTE - Ei, moço, você não pagou o licor!
LÁZARO - Mas eu lhe dei o doce em troca.
ATENDENTE — Mas você também não pagou por ele.
LÁZARO - E por acaso eu comi?!
sexta-feira, 13 de janeiro de 2017
A ORIGEM DO POLÍTICO MARANHENSE
Dino de Alcântara
Quando os portugueses começaram a colonizar o que hoje se entende por Maranhão,
um dos mais sagazes ladrões de Coimbra, para escapar da masmorra, aceitou
transferir-se para o “quinto dos infernos”, como mais tarde seria a nação
(re)significada pela boca nada pura da princesa Carlota Joaquina. Veio com a
família (era o infeliz pai de três filhos) no navio que seguiria até Salvador,
mas acabou desembarcando na Ilha do Maranhão (Upaon-Açu).
Como era costume trazer toda espécie de animais domésticos, o homem trouxe
gato, cachorro, porco, galinha, etc.
Passados alguns anos, ele, que morava nas proximidades da Praia Grande, já
conhecia muito bem a terrinha.
Antes que o leitor seja tentado a crer que a origem dos políticos maranhenses seja esse
pobre português, vamos mudar a cena.
O gato que viera com a família de Portugal era um exímio caçador, mas havia um
rato na casa que ele não conseguia pegar de jeito nenhum. Parecia até que o
roedor sentia o cheiro de felino de longe.
O gato, porém, teve uma ideia brilhante. Aproximou- se da toca e latiu como se
fosse o cachorro. A imitação foi tão perfeita, que se uma cadela, no cio,
estivesse nas proximidades da casa, sairia enlouquecida, mais veloz que o
furacão Katrina, que devastou a cidade de Nova Orleans em 2005.
O rato, ao ouvir o latido, pensou: “O bicho não se une com o cachorro; isso
quer dizer que ele está bem longe!” e saiu da toca.
O gato abocanhou-o, mas não resistiu a uma boa gargalhada, deixando o indefeso
animal com direito a uma última lição, infelizmente, para ele, desnecessária. O
roedor queria saber quem tinha latido.
O GATO - Eu!
O RATO - Mas com tanta perfeição?
O GATO
— Exato!
O RATO — Eu nunca acreditaria que aquele latido era de um gato!
O GATO — Ah, meu caro rato, nesta terra abençoada pela mentira, quem não
aprender a enganar os outros passará fome!
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
GREGÓRIO E O HOMEM QUE VIRAVA BICHO
Todos no Cujupe diziam nas casas de famílias e nas
quitandas que Cento-e-Trinta virava bicho. Mas ninguém tinha até então uma
prova dessa metamorfose, como dizia o professor Jonas. Quando bebiam na
quitanda do Barbino, Gregório sempre dizia a Cento-e-Trinta que, caso ele virasse lobisomem
e aparecesse, iria montado num bichão para casa. E o famoso negro do Cujupe
sempre ria, dizendo que um dia ainda ia montar em Gregório, como se monta num
jumento. Gregório dizia que só no dia de São Nunca.
Certa feita, numa sexta-feira de agosto, vindo da
quitanda, e passando na Campina próximo ao Guariba, Gregório viu um Jabuti
enorme sobre o capim. Correu para o bicho,que nem se moveu, como se estivesse à
sua espera. Examinou bem o animal e descobriu que era uma jurará ou uma
campininga. Mas muito grande. Talvez uma tartaruga. “Não! Poderia ser um
jabuti.” Examinou o casco com o facão de bainha. Tudo perfeito. Não teve
dúvida: pegou o bichão, colocou no ombro e tocou para casa, no Itapeua. Quando
chegou, pegou um chucho com ponta bem afiada e fez um furo no casco. Passou uma
corda de embira bem resistente e amarrou num esteio para o bicho não fugir
durante à noite. No dia seguinte, mataria o animal para comer. E foi dormir,
certo de que, no dia seguinte, teria carne fresca para comer. Quem sabe até
daria um quilo para Ziquié.
No entanto, ao amanhecer, Gregório teve um
sobressalto. Viu a embira desatada, sem corte, que pudesse denunciar uma roída
na embira. “O jurará desatou o nó-cego!” Não entendeu como a réptil transpôs o
batente de quase 40 cm. Mas fazer o que... O certo é que ele tinha fugido.
Foi-se a carne.
Dias depois, na quitanda, tomando grode, Gregório
encontrou novamente Cento-e-Trinta. Depois de uns dois goles de Pitu e
Jurubeba, o negro falou bem perto do ouvido do companheiro de grode:
– Grigoru,
tu ia mesmo me comer, Grigoru?
E pediu mais um grode para Barbino.
A JOVEM CORCUNDA
Um jovem do Cujupe, muito tímido, mas com certa
quantia no bolso, fruto de uma boa caeira, retirada com a preciosa ajuda de Pedro Leitão, contratou os
serviços de um agente para se casar, nos idos de 1960. Dizia que, até então, não tinha pensado em
matrimônio, “mas já era hora, não?”
No dia aprazado, João Feliciano (era esse o nome do cidadão) embarcou numa
canoa até São Luís, onde encontrou o agente. Foram apressadamente à casa da
noiva, ávido que estava o agricultor para ver sua futura mulher..
Ao conhecer a família da noiva, no Goiabal, o encanto finou-se. Reclamou ao
contratante:
O NOIVO —
Não gostei nem um pingo da sogra. Que mulher mais antipática!
O AGENTE — Você não vai se casar com ela, vai? Quem você quer é a filha dela.
Então?!
O NOIVO — Sim, mas você tinha me dito que ela era jovem e bonita. Tô vendo que
ela não é tão nova assim e nem bonita.
O AGENTE — Não importa. Veja, meu amigo, se ela fosse bonita, você seria
escorneado facilmente, não é verdade? De modo que, ela sendo feia, você não corre
esse perigo.
O NOIVO — Se pelo menos ela tivesse dinheiro...
O AGENTE — Você vai se casar com o dinheiro ou com uma mulher?
O NOIVO (Ao observar a noiva atentamente.) Ei, ela tem uma corcunda nas costas!
O AGENTE — Bem, o que você quer mais? Não podia ela ter um único defeito? Assim
já é querer demais.
terça-feira, 10 de janeiro de 2017
O DEDINHO DO GARUPA
O trânsito estava, como sempre
naquela hora, tenso. Uma Honda, dirigida por um boliviano de trinta anos,
carregava também um garupa. Na faixa dos vinte e cinco anos, esse flamenguista
tinha, ao contrário do piloto, um amplo conhecimento do que Zé Sarney chama de
maranhensidade. Tinham que contornar a Avenida Jerônimo de Albuquerque na
altura no Espetão. Era fácil. No entanto, muitos carros se espremem no sinal em
frente da Bela Napoli. O sinal está amarelo. O motoqueiro tem uma idéia, que
raramente é seguida por algum maranhense, sobretudo no trânsito: contornar logo
e entrar direto na avenida, sem o contorno ao lado da Convel. Mas eis que surge
um olhar, que mais parecia um radar. Um guarda da SMTT, escondido atrás da
parada logo acima, já preparadíssimo para, com uma caneta Bic, aplicar uma
multa severa no infeliz condutor daquela moto. Mas eis que surge um doutor em maranhensidade. A
mão esquerda, graúda (daria até para entrar no time titular do Maranhão
Handebol), tapou completamente a placa, deixando escapar apenas um H (do
início). Com a outra mão, o garupa, espremeu os quatro dedos, deixando o do
meio – também conhecido como médio (ou dedo do proctologista), totalmente à
mostra como uma espada em direção ao agente de trânsito. O homem da lei forçou
o mais que pode, mas não conseguiu enxergar as letras ou os números da placa.
Ficou furioso. Várias pessoas começaram a sorrir. Triste sensação essa em que
somos obrigados a engolir nosso ódio, sem poder saborear um gosto amargo (ou
doce) da vingança. Surge o ônibus do Cohatrac. O agente dá um sinal e entra no
coletivo. Entra sem dar bom dia. Vá pro inferno! Pensa. Já estava com minha
comissão. Droga! Mas à frente entra um garoto. Qualhira! Está com ódio. Ainda
por sina me deu o dedo! Desgraçado! E o ônibus, já sem assentos disponíveis,
desce a curva do noventa. Sai uma mulher e cruza a catraca. E ele se senta. Vai
pro corisco, cão. E olha para a moça. E o ônibus segue.
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