Dino de
Alcântara
Em toda sociedade, encontramos figuras
consideradas tolas, sendo, por isso, fruto de um riso considerado de zombaria.
Zé Caranguejo é um exemplo desse tipo.
Na escola, numa época em que o bullying era
considerado quase que uma normalidade pelos pais e mestres, Zé era motivo de
risos ou anedotas. Num dia letivo de maio, depois de uma aula sobre os órgãos
reprodutores masculinos e femininos, olhou no livro um retrato de uma vulva com
todas as indicações acerca da reprodução. Sua mente voou para os lados da Chã.
Encontrou em Maria Cutinha a materialização do seu pensamento. Logo percebeu
que o cérebro havia entendido tudo errado: deu sinais aos órgãos reprodutores
de que estava diante da pequenina mulher completamente nua. Nesse instante, a
professora Teresinha pediu a lição do aluno. Percebendo a situação inusitada,
disse à mestra que estava doente e que, por isso, não poderia ir até a mesa
dela. Mas a professora insistiu, e ele, sério, incisivo, com muito medo de
desconfiarem: “Já disse que tou doente. Não posso levantar.” E baixou a cabeça
sobre a carteira como se fosse dormir. Mas, para a desgraça de Zé Caranguejo,
Nhô de Caetano estava bem ao lado e soltou a voz, rindo alto: “Ele tá armado!”.
A turma caiu na gargalhada.