Dino de Alcântara
O ano de 19.., foi terrível. No começo de junho, não caiu mais uma chuva boa, apenas chuviscos desprezíveis. Zacarias ficou preocupado.
Em agosto, já havia poço quase secando. Em setembro, alguns riachos secaram completamente. A preocupação passou a tirar o sono de muita gente.
Em outubro e novembro, o capim do campo começou a ressecar. O gado, desolado, caminhava muito para encontrar um resto de pasto.
Em dezembro, tudo seco. O gado magro, não tinha forças mais para caminhar. Zacarias precisou contratar uns trabalhadores para tirar ração em outras localidades para não deixar suas reses morrerem. Ainda assim, não teve jeito. Morreram alguns animais.
O pequeno lavrador e criador de umas três dezenas de bois, vacas bezerros, olhou para o céu ficou bravo com tudo. Com as chuvas, que não vinham, com a natureza, com o sol escaldante, com as nuvens que não faziam sombra e com os urubus, que pareciam adorar aquela situação. Gritava para afugentá-los, mas nada adiantava.
Uma manhã, já de sol forte, Zacarias viu uma vaca, bem magra, morta. Em cima dela, um bando de urubus, esfomeados, disputando com voracidade cada espaço do cadáver do pobre animal.
Berrou a todos os pulmões:
– Podem comer até se fartar, bando de diabos. Quem criou vocês não tem o que dá de comer, eu dou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário