Carvalhacante de Alcantacuri
O ano de
ocorrência dessa galhofaria é 2020. Um período de enormes mudanças para a
humanidade, para o Brasil, para o Maranhão, para o Cujupe. Quão gostoso é falar
da terra do famoso poeta da Canção do Exílio, o grande Gongon. Se pegar o vasto
espaço territorial deste pedaço de chão que, por muitos, é considerado a terra
de onde até o Sol mente, seria capaz de pegar países como Japão e Portugal
juntos e colocá-los dentro e ainda sobrar espaço. Meu Maranhão, onde alguns
enganam, onde outros não ligam para o próximo.
No início do
mês de abril, quando o pico pandêmico da COVID-19 chegou a níveis exagerados,
muitas famílias da Grande Ilha começaram um verdadeiro êxodo em direção aos
interiores do Maranhão, principalmente no que tange à Baixada Maranhense.
Região esta onde concentra-se a maior parte dos grandes lagos e ‘Puções’, mas
onde também, em virtude da localização e proximidade(apenas esta), a região Litorânea
acaba recebendo o nome de Baixada.
Há um
caminhoneiro no bairro da Gancharia que
adora gargantear que é um excelente motorista e sabe dirigir os maiores
transportes que qualquer um pode imaginar. Aliás, ele não é excelente somente
dirigindo veículos longos, mas ele é excelente em tudo que faz. Certa vez,
ouvi-lo dizer que sabia pilotar até mesmo um elevador para 16 pessoas, que
sensação gostosa.
O caminhoneiro
é gente de um povoado chamado Cirimônia, com CI mesmo. A mãe do mesmo
encontra-se acamada, enredeada. Como ele é um filho maravilhoso e também
trabalhador, conseguiu uma folga da sua empresa, a Expresso Caminhões & Cargas
para fazer uma visita à sua amada e ilustre mãe. Pegou um carrinho na gancharia
pagando apenas R$ 2,00. Desceu em frente a portaria principal da empresa Vale.
Esperou mais ou menos 15 minutos até passar a van do Batista.
Fez uma viagem
bastante tranquila de 1h e 30 minutos. Encontrou alguns conhecidos onde apertou
a mão de todos e conversou bastante, sem o devido cuidado de usar a máscara.
Também encontrou conhecidas, onde, além do aperto de mão, também deu beijos no
rosto delas. Proseou muito com todos, contou suas vantagens. Assim que qualquer
pessoa tentava falar algo, ele metia uma conversa por cima obrigando o ouvinte
a ficar calado. Quando o ouvinte ficava calado, ele espetava com a mão para
obrigar a pessoa a prestar atenção nas histórias que ele estava contando.
Chegou no
porto do Cujupe. Subiu andando e triste por causa da distância entre o porto e
a casa da mãe deste destemido herói. Logo em frente ao boteco do Cássio, pai de
Capin e da ex dançarina Caíta, encontro um amigo. Jack Leckler com aquele
jeitão abobalhado, agarrou sua mão e perguntou como estava. Seguiu viagem para
a Cirimonia. Logo ao chegar na Boca do Ramal, pensou: Como sou sortudo. Ia
entrando uma pick-up Hilux que vinha trazendo peixe de Bequimão. Não pensou
duas vezes, entrou na boleia da Hilux e seguiu viagem falando como o carro era
macio e não deixou o motorista falar. Depois de passar pelo Itapeua e povoado
Cujupe, chegou na Cirimonia e desceu. Agradeceu e, sem querer querendo, acabou
falando ao motorista que a esposa estava com o Corona. O motorista que nada
tinha falado na viagem, nessa hora que ia falar o obrigado, ficou sem voz, de
uma brancura tremenda. Segundo relato do caminhoneiro, o motorista do carro de
peixe ainda ficou por 10 minutos sem sair do lugar.
Sem ter o que
fazer ou conversar com mãe, teve uma brilhante ideia. Começou a fazer visitas
aos conhecidos e amigos do povoado onde muitos haviam deixado São Luís com medo
do maléfico vírus. Visitou muitos. Uma família decidiu fechar o portão para que
visitas como Babá e outros não pudessem ir, mas acharam que com o portão
fechado, os visitantes iriam se tocar e dá meia volta. Mas como falado
anteriormente, o caminhoneiro é muito inteligente. Ele soube abrir o ferrolho,
mas os donos conseguiram fazer com que ele não entrasse através da verbalização
distanciada.
No dia
seguinte, ele tentou de todo jeito contato com alguém da Ilha Grande para ir
buscá-lo juntamente com seus cofos e sacos de estopas chapados de manga.
Ninguém se atreveu. O motorista de caminhão acabou ficando puto/pistola por não
saber o motivo de ninguém querer falar com ele, soltou palavrões mentalmente
pelo fato de considerar os moradores da Cirimonia deselegantes e soberbos, por
não querer tirar um tempo de prosa com o mesmo. Decidiu não voltar lá tão cedo
com medo de represálias.
Esse caminhoneiro do bairro Gancharia (região do Anjo da Guarda em São Luís), realmente “adora gargantear que é um excelente motorista” e gargantear também que sua mulher é uma exímia cozinheira, pois faz todos os tipos de comida, saladas e bolos e que seu filho, durante um simples lanche come sozinho um galeto grande e dois litros de coca cola.
ResponderExcluirComenta-se que a ida do caminhoneiro à Cerimônia, foi uma viagem as escondidas (deixando vários produtos que levaria na viagem, em cima da cama, para despistar a mulher), pois como sua esposa estava acamada, com o covid-19, a mesma implorou para que ele não fizesse essa viagem, pois poderia está também com o “coronga” e contaminar a mãe, que já é idosa e também seus irmãos e amigos da Cerimônia e ainda assim, ele desobedeceu.
Comenta-se também que o rapaz da pick-up Hilux, que deu carona para o caminhoneiro, levando da Boca do Ramal do Cujupe até sua casa, após tomar conhecimento que havia dado carona para uma “vasilha” - cuja esposa fez exame e deu positivo para o covid-19 - ficou tremendo e passou 15 dias sem visitar seus pais.
Engraçado é que ao chegar na sua casa, o caminhoneiro percebeu que sua sobrinha, que cuida de sua mãe saiu correndo pelo quintal, passando por dentro de uma marajazal (palmeiras de espinhos) e saiu no fundo de uma escola “em construção”. Após a reação da sobrinha, ele ficou inquieto, pois ela não tomou a benção e nem falou com ele. Ele então foi visitar um vizinho e ao chegar na casa deste, percebeu que as pessoas estavam se afastando dele e lhe orientando a manter distâncias, pois haviam saído de São Luís, como forma de evitar a contaminação e não era certo que alguém que estava tendo contato com paciente positivo do “coronga” entrasse no sítio. O caminhoneiro então perguntou como sabiam que a esposa dele estava contaminada e responderam que tanto na Cerimônia quanto no Cujupe, estava cheio dessa notícia.
Mais tarde, ele resolveu ir na casa do seu irmão, que não abriu a porta pra ele e ainda o chamou de louco. Ele então chamou o irmão de infectologista e saiu xingando e dizendo que todos da Cerimônia são infectologistas também.
Resolveu então voltar para São Luís, mas aí veio o castigo. Nenhum mototaxista, taxista ou vendedor de peixe aceitaram levá-lo de volta ao Porto e o mesmo teve que fazer o percurso da Cerimônia até a Ilha Grande a pé.
Pela primeira vez, o caminhoneiro não levou para São Luís bagagem (farinha, peixe, camarão, banana, macaxeira, pato, galinha e até terra preta para plantio) como é de costume. Já dentro do ferry-boat, tomou conhecimento que foi o seu sobrinho, o Cabeludo que espalhou esse “aleve”, também conhecido como fake news.
Esse cidadão costuma dizer que é um exímio cortador de carne. Não há, segundo ele, ninguém que que mexa numa picanha da mesma forma.
ResponderExcluirHUMBERTO CAMPOS DE ALCÂNTARA:
ResponderExcluirEsse texto intitulado CAMINHONEIRO EXPRESSO, publicado neste blog, assinado por Carvalhacante de Alcantacuri, é uma deliciosa história envolvendo uma das figuras mais pitorescas do Cujupe. Sua leitura nos faz rir, mesmo que a situação em si exija um monte de xingamentos e pragas. Neste momento de quarentena, essas leituras constituem o melhor passatempo.
Olá, vivi muito tempo para ver alguém tão seboso quanto esse caminhoneiro passar pras bandas da Cirimonia. É a maior vasilha que já vi em minha vida. Meu irmão Babá é uma vasilha, mas uma vasilha (pucaro) de manteiga Qualy. Mas o seboso da história é uma vasilha de manteiga Deline. Passo maior parte do tempo sentado escondido na Ladeira Grande e olhei esse panema passando na hilux carregada de peixe. O sobrinho do mesmo, o cabeludo, já tinha me falado sobre esse enzinabrado. Qnd vi passar, sai correndo em direção a mata fechada. Passei 04 dias isolado com medo desse Xengo passar novamente na estrada que sou vigia. Quando soube que o mesmo tinha zarpado de volta para São Luís, criei coragem de ir tomar um café fresco passado coador pela minha amada irmã Loura e meu cunhado Zé Maria. Falei pra Loura que esse caminhoneiro era o proprio curisco. Ele então respondeu, "É vedade."
ResponderExcluirO Motorista Ingênuo
ResponderExcluirComentários ao Texto Postado no Blog
Aspectos Teóricos, Psicológicos e Comportamentais
História imaginosa, recreativa, pitoresca, mas realista. Há pessoas que parecem andar com a cabeça na Lua, aluados ou lunáticos. Como não conheço o personagem cidadão proseador, o comentário não é relacionado a alguém em especial e sim a alguém não identificado. É condenável possuir vícios ou pecados, mas há casos em que um pouco de astúcia e malícia é necessário.
São atribuídas ao religioso protestante luterano Martinho Lutero algumas afirmações que lembram a situação exposta no Blog. Lutero teria dito: “Não há livre arbítrio”. “Pode-se ser um pecador”. Embora essas afirmações sejam questionáveis atualmente, elas são lembradas no momento da leitura do texto.
Além de haver pessoas que não possuem um razoável discernimento, parece que há cidadãos que apresentam algum grau de ingenuidade ou inocência desmedida, que aparentemente não seriam julgados ou condenados, mas na realidade podem ser inconvenientes.
Alguém com astúcia e vivacidade não se comportaria com tais atitudes do personagem amigável, bem falante e sociável. Deus ao contemplar as suas Criaturas, aqui na Terra, observou que havia muita astúcia entre elas e fez um julgamento contra esse pecado (Está na Bíblia). O que o Senhor condenou deve ter sido o excesso de astúcia, as malandragens e vigarices contra o próximo.
As pessoas que estão cientes dos riscos e perigos de uma contaminação por uma enfermidade grave devem se afastar o máximo possível de um eventual contaminado por uma peste, pois o infortúnio anda à espreita dos mais desavisados. O distanciamento social deve ser preservado a qualquer custo. A saúde e a vida são os maiores patrimônios.
Deve-se agradecer por ser agraciado com o milagre do Criador, ao conceder a graça para o ser humano vir visitar este Planeta, mesmo que por um breve período de tempo, vislumbrar as belezas da Natureza, o Sol, a Lua, o Mar e as pessoas de bom coração. A vida é maravilhosa e deve ser preservada ao máximo possível, até que Deus decida que seja o momento de a pessoa ir se juntar a Ele, no Paraíso Divino. Deus misericordioso tem piedade das almas dos pecadores e dos inocentes.
5/6/2020.
Orlando